Lucas - Novo Testamento comentado por F. B. Hole
Traduzido, publicado e distribuído por Verdades Vivas - verdadesvivas.com.br
sábado, 7 de setembro de 2019
sábado, 6 de julho de 2019
LUCAS 24
LUCAS 24
Os versículos finais de Lucas 23, e
a parte inicial deste capítulo deixa bem claro que nenhum de Seus discípulos antecipou
de alguma forma Sua ressurreição. Isso torna o testemunho mais pronunciado e satisfatório.
Eles não eram entusiastas e visionários, inclinados a crer em qualquer coisa, mas
sim de mente materialista e desanimada, inclinados a duvidar de tudo.
As mulheres são trazidas diante de nós
em primeiro lugar. Elas não tinham pensamentos além daqueles adequados a um funeral
comum. Suas mentes estavam ocupadas com o sepulcro, Seu corpo e as especiarias e
unguentos que eram habituais. O sábado judaico, no entanto, interveio e pôs um fim
às suas atividades – isto era de Deus, pois suas atividades eram totalmente desnecessárias,
e quando poderiam tê-las retomado, o corpo sagrado não seria encontrado. Em vez
do corpo morto, encontraram dois homens em vestes resplandecentes e ouviram de seus
lábios que o Senhor agora era “o Vivente”
e que não estava entre os mortos. Assim, o primeiro testemunho de Sua ressurreição
veio dos lábios dos anjos. Um segundo testemunho foi encontrado nas palavras que
Ele mesmo havia falado durante a Sua vida. Ele previu Sua morte e Sua ressurreição.
Quando foram lembradas de Suas palavras, se recordaram delas.
As mulheres voltaram e contaram todas
essas coisas aos onze; isto é, elas apresentaram-lhes a evidência dos anjos, e das
próprias palavras do Senhor, e de seus próprios olhos, quanto ao corpo não estar
no sepulcro; mas eles não creram. O cético moderno pode chamar essas coisas de “delírio” (ARA); bem, foi assim que essas
coisas aparentavam ser para os discípulos. Pedro, no entanto, com sua impulsividade
usual, deu um passo adiante. Ele correu para o sepulcro para ver por si mesmo, e
o que viu até então confirmava as palavras delas. No entanto, em sua mente, milagre
ao invés de fé, era o que entusiasmava.
Em seguida, somos levados para a tarde
do dia da ressurreição, e Lucas nos dá na plenitude o que aconteceu com os dois
que estavam indo para uma aldeia, a que Marcos alude nos versículos 12 e 13 de seu
último capítulo. O incidente nos dá uma visão muito impressionante sobre o estado
de espírito que os caracterizou – e, sem dúvida, eles eram figura do resto.
Cléofas e seus companheiros claramente
tinham acabado de se afastar de Jerusalém, se dirigindo para a antiga casa, totalmente
desapontados e abatidos. Eles haviam nutrido expectativas muito fervorosas, centradas
no Messias, e criam que O haviam encontrado em Jesus. Para eles, Jesus Nazareno
foi “Varão profeta poderoso em obras e palavras
diante de Deus e de todo o povo”; e nesse ponto evidentemente a fé deles parou.
Eles ainda não percebiam n’Ele o Filho de Deus que não podia ser retido pela morte,
e assim para eles Sua morte foi o triste fim de Sua história. Eles pensaram que
“fosse Ele o que remisse Israel”, mas
então, para eles, significava redimi-los pelo poder de todos os seus inimigos nacionais,
em vez de redimi-los a Deus pelo Seu sangue. Sua morte destruiu suas esperanças
de redenção pelo poder e pela glória. Essa decepção foi o fruto de terem nutrido
expectativas que não eram garantidas pela Palavra de Deus. Eles esperavam a glória
sem os sofrimentos.
Não poucos crentes podem ser encontrados
hoje que se afastaram para o mundo de maneira bastante semelhante. Eles também se
afastaram porque ficaram desapontados, e estão desapontados por causa que
abraçaram expectativas sem garantias. As expectativas podem ter sido centradas no
trabalho Cristão e nas conquistas do evangelho, ou em algum grupo particular ou
corpo de crentes com os quais eles estavam ligados, ou talvez em si mesmos e em
sua própria santidade e poder pessoal. No entanto, as coisas não aconteceram como
esperavam, e estão nas profundezas do desânimo.
Este caso de Cléofas ajudará no diagnóstico
dos problemas deles. Em primeiro lugar, como ele, eles têm um pouco de “Israel”, que absorve seus pensamentos.
Se Israel tivesse sido redimido, como Cléofas esperava, ele estaria no sétimo céu
de deleite. Como não tinha sido assim, ele perdera seu entusiasmo e interesse. Ele
teve que aprender que, embora Israel estivesse bem no centro da pequena brilhante
cena que sua fantasia havia concebido, não estava no centro da cena de Deus. A
cena de Deus é a verdadeira, e seu centro é Cristo ressuscitado dos mortos.
Quando Jesus Se juntou a eles, atraiu seus pensamentos e conquistou sua confiança,
Ele Se abriu para eles, não para as coisas concernentes a Israel, mas para “o que a Seu respeito constava em todas as
Escrituras”. Uma cura infalível para o desapontamento é ter Cristo preenchendo
todas as cenas que nossa mente abriga – não a obra, nem mesmo a obra Cristã, nem
irmãos, nem mesmo a assembleia, nem o eu em nenhuma de suas muitas formas, mas
Cristo.
Mas havia uma segunda coisa. É verdade
que essas esperanças não garantidas de Cléofas, que levaram à sua decepção, resultaram
de pensar muito em Israel e pouco em Cristo; contudo, essa ênfase errada foi o resultado
de sua leitura parcial das Escrituras do Velho Testamento. O versículo 25
mostra que a insensatez e a lentidão de seus corações os haviam levado a negligenciar
algumas partes das Escrituras. Eles criam em algumas coisas que os profetas
haviam falado – aquelas coisas bonitas, simples, fáceis de serem entendidas quanto
à glória do Messias – enquanto colocavam de lado e passavam por cima das previsões
de Seus sofrimentos, que sem dúvida pareciam ser para eles misteriosas, peculiares
e difíceis de entender. As exatas coisas que haviam evitado eram precisamente o
que os livraria da dolorosa experiência pela qual passavam.
Ao falar com eles, três vezes o Senhor
enfatizou a importância de toda
a Escritura – veja os versículos 25 e 27. Ele então tratou com eles a ponto
de fazê-los ver que Sua morte e ressurreição foram a base indicada de toda a glória
que ainda está por vir. “Não convinha
que o Cristo padecesse essas... ?”
Sim, na verdade convinha! E assim como convinha, Ele assim o fez!
Que caminhada deve ter sido essa! No
final dela, eles não puderam suportar a ideia de uma separação deste inesperado
“Estranho”, e O constrangeram a que permanecesse com eles. Entrando para ficar com
eles, Ele necessariamente tomou o lugar que é intrinsecamente Seu. Ele deve ser
o Anfitrião, e Líder e também o Abençoador; e então seus olhos foram abertos e eles
O reconheceram. Que gozo para seus corações quando de repente eles discerniram seu
Senhor ressuscitado!
Mas por que Ele Se afastou da vista
deles assim que O reconheceram? Pela mesma razão, sem dúvida, como Ele havia dito
no mesmo dia a Maria para não tocá-Lo (ver João 20:17). Ele desejava mostrar desde
o início que Ele havia entrado em novas condições pela ressurreição e que, consequentemente,
suas relações com Ele deveriam estar em uma nova base. O breve vislumbre
que tiveram d’Ele, porém, juntamente com o Seu desdobramento de todas as Escrituras
proféticas, havia feito o seu trabalho. Eles foram completamente revolucionados.
Uma nova luz havia surgido; novas esperanças haviam surgido em seus corações; o
desconsolado afastamento terminara. Embora a noite tivesse caído, eles voltaram
a Jerusalém para buscar a comunhão com seus companheiros discípulos. Aflitos de
coração, eles tinham procurado solidão: fé e esperança sendo revividas, a companhia
dos santos era o deleite deles. É sempre assim com todos nós.
De volta eles vieram contar suas grandes
notícias aos onze, mas ao chegaram eles é que foram informados. Os onze sabiam que
o Senhor ressuscitara, pois também aparecera a Pedro. As provas de Sua ressurreição
estavam rapidamente se acumulando. Eles agora tinham não apenas o testemunho dos
anjos, e a lembrança de Suas próprias palavras, e o relato dado pelas mulheres,
mas também o testemunho de Simão, quase instantaneamente corroborado pelo testemunho
dos dois retornados de Emaús. E o melhor de tudo, enquanto os dois estavam contando
sua história, no meio deles, com palavras de paz em Seus lábios, Se apresentou o
mesmo Jesus.
No entanto, mesmo assim, eles não estavam
totalmente convencidos. Havia n’Ele, em Sua nova condição ressuscitada, algo incomum
que ultrapassava o entendimento deles. Eles estavam atemorizados, achando que viram
algum espírito. A verdade é que eles viram seu Salvador em um corpo espiritual,
conforme fala em 1 Coríntios 15:44. Ele passou a demonstrar este fato a eles de
maneira muito convincente. O Seu corpo era de “carne e ossos”. Embora as condições fossem novas, deveria ser identificado
com o corpo de “carne e sangue”, no qual
Ele havia sofrido, pois as marcas do sofrimento estavam ali em ambas as mãos e pés.
E enquanto a verdade estava lentamente surgindo em suas mentes, Ele a tornou ainda
mais evidente ao comer diante deles, para que pudessem ver que Ele não era meramente
“um espírito”. Assim, a realidade de
Sua ressurreição foi totalmente certificada, e o verdadeiro caráter de Seu corpo
ressuscitado se manifestou.
Então começou a instruí-los, e em primeiro
lugar enfatizou lhes o que já havia enfatizado com ênfase tripla para os dois em
Emaús, que TODAS as coisas escritas a respeito d’Ele nas Escrituras tinham que ser
cumpridas, como de fato Ele lhes havia dito antes de Sua morte. Eles deveriam entender
que tudo o que aconteceu havia acontecido de acordo com as Escrituras, e não era
de forma alguma uma contradição do que havia sido escrito. Então, em segundo lugar,
Ele abriu seus entendimentos para que pudessem realmente absorver tudo o que lhes
havia sido aberto nas Escrituras. Isto, pensamos, deve ser identificado com aquele
sopro de Sua vida ressuscitada, que está registrado em João 20:22. Esta nova vida
no poder do Espírito trouxe consigo um novo entendimento.
Então, em terceiro lugar, Ele indicou
que, tendo esse novo entendimento, e sendo “testemunhas
dessas coisas” (ARA), uma nova comissão lhes seria confiada. Eles não mais deveriam
falar de lei, mas que “em Seu nome
pregasse o arrependimento e remissão dos pecados”. A graça deveria ser seu tema
– o perdão dos pecados por meio do Nome e da virtude de Outro – e a única necessidade
por parte do homem é o arrependimento – essa honestidade de coração que leva o homem
a assumir seu verdadeiro lugar como pecador diante de Deus. Esta pregação da graça
deve ser “em todas as nações”, e não
confinada apenas aos judeus, como foi a lei. No entanto, deveria começar em Jerusalém,
pois naquela cidade a iniquidade do homem havia atingido seu clímax na crucificação
do Salvador; e onde o pecado havia abundado, ali a superabundância da graça era
para ser manifestada.
A base, sobre a qual repousa esta comissão
de graça, é vista no versículo 46 – a morte e ressurreição de Cristo. Tudo o que
acabara de acontecer, que parecera tão estranho e uma pedra de tropeço para os discípulos,
era o estabelecimento do fundamento necessário, sobre o qual a superestrutura da
graça deveria ser erigida. E tudo estava de acordo com as Escrituras, como Ele enfatizou
novamente, dizendo: “Assim está escrito”.
A Palavra de Deus comunicou uma autoridade divina a tudo o que havia acontecido
e à mensagem da graça que eles deveriam proclamar.
Assim, nos versículos 46 e 47, temos
o Senhor inaugurando o presente evangelho da graça, e nos dando sua autoridade,
sua base, seus termos, o alcance que ele abrange e as profundezas
do pecado e necessidade às quais ele desce.
O versículo 49 nos dá uma quarta coisa,
e de modo algum de menor importância – o dom vindouro do Espírito Santo, como o
poder de tudo o que é contemplado. As Escrituras foram abertas, seus entendimentos
também foram abertos, a nova comissão da graça havia sido claramente dada; mas todos
deveriam esperar até que possuíssem o único poder no qual eles poderiam agir, ou
usar corretamente o que agora eles sabiam. Lucas encerra o seu evangelho, deixando
tudo, se assim podemos dizer, como um fogo bem preparado, esperando que o fósforo
seja riscado, o que produzirá uma chama vívida. Ele inicia sua sequência, os Atos,
mostrando-nos como a vinda do Espírito riscou o fósforo e acendeu o fogo com resultados
maravilhosos.
Acabamos de ver como este evangelho
termina com o lançamento do evangelho da graça, que está em flagrante contraste
com a maneira pela qual, em seus versículos iniciais, traz diante de nós o serviço
do templo em funcionamento, de acordo com a lei de Moisés. Os quatro versículos
que encerram este evangelho também nos apresentam um contraste marcante, pois o
primeiro capítulo nos dá uma imagem de pessoas piedosas com esperanças terrenas,
esperando pelo Messias que visitaria e redimiria Seu povo. Ele nos mostra um sacerdote
temente a Deus, envolvido em seus deveres do templo, mas que possuía apenas uma
pequena fé, de modo que ele foi atingido pela mudez. Não crendo, ele não
podia falar: ele não sabia de nada que valesse a pena falar, em todos os eventos
do momento. Os versículos 50-53 mostram-nos o ressurreto Salvador subindo para exercer
Seu serviço como Sumo Sacerdote nos céus e deixando para trás uma companhia
de pessoas cujos corações foram transportados da Terra para o céu e cujas bocas
estão abertas em louvor.
Betânia era o local de onde Ele subiu;
o lugar onde, mais do que qualquer outro, Ele fora apreciado. Ele subiu no próprio
ato de abençoar Seus discípulos. Quando nos lembramos do que eles provaram ser,
isso é realmente tocante. Seis semanas antes, todos O abandonaram e fugiram. Um
deles O negou com juramentos e maldições, e a todos eles Ele poderia ter dito o
que disse aos dois no caminho de Emaús: “Ó
néscios, e tardos de coração para crer”. Contudo, sobre esses discípulos tolos,
infiéis e covardes, Ele ergueu Suas mãos em bênção. E sobre nós também, embora muito
semelhantes a esses homens, apesar de vivermos no dia em que o Espírito é dado,
Sua bênção ainda desce.
Ele os abençoou e eles O adoraram. Eles
retornaram ao local que Ele designou para eles até que o Espírito viesse, e no templo
eles estavam continuamente ocupados no louvor de Deus. Zacarias tinha ficado
mudo; nenhuma bendição poderia sair de seus lábios, seja para Deus ou para o homem.
Jesus subiu ao alto para assumir o Seu ofício sacerdotal na plenitude da bênção
para o Seu povo; e Ele deixou para trás aqueles que provaram ser o núcleo da nova
raça sacerdotal, e eles já estavam bendizendo a Deus e adorando-O.
Este evangelho realmente nos levou da
lei para a graça e da Terra para o céu.
LUCAS 23
LUCAS 23
Então, na segunda parte do Seu
julgamento, O levaram a Pilatos para obterem a sanção romana para a execução desta
sentença. Aqui eles mudaram completamente de terreno e O acusaram de ser reacionário
e rival de César. Jesus confessou ser o Rei dos judeus, mas Pilatos declarou
que Ele não tinha culpa alguma. Isso pode parecer uma declaração surpreendente,
mas Marcos nos dá uma visão do que acontecia nos bastidores quando nos conta que
Pilatos sabia que o ódio feroz dos líderes religiosos era inspirado pela inveja.
Por isso, ele começou a recusar a ser a ferramenta de seu rancor, e se aproveitou
da ligação do Senhor com a Galileia para enviá-Lo a Herodes. A acusação, “Ele alvoroça o povo” (ARA), era de fato
verdadeira; mas Ele os incitava a Deus e não contra César.
Então, terceiro, houve a breve aparição
do Senhor diante de Herodes, que estava ansioso para vê-Lo, esperando testemunhar
algo sensacional. Aqui novamente os principais sacerdotes e escribas O acusavam
veementemente, mas na presença daquele homem perverso, a quem Ele havia anteriormente
caracterizado como “essa raposa”, Jesus
não respondeu nada. Seu silêncio cheio de dignidade só levou Herodes e seus soldados
a abandonarem toda a pretensão de administrar a justiça e desceram ao escárnio e
à ridicularização. Na Sua humilhação foi tirado o Seu julgamento.
Por isso Herodes devolveu-O a Pilatos,
e aqui começou a quarta e última etapa de Seu julgamento. Mas antes de nos contar
sobre os esforços adicionais de Pilatos para aplacar os acusadores e libertar Jesus,
Lucas registra como ele e Herodes deram um fim à inimizade que tinham entre si ao
condená-Lo naquele dia. A mesma tragédia tem sido repetida desde então. Homens de
caráter e visão completamente diferentes encontraram um ponto de unidade em sua
rejeição a Cristo. Herodes foi entregue aos seus prazeres e era completamente indiferente:
Pilatos, embora possuísse algum senso do que era correto, era um oportunista e,
portanto, pronto para fazer o que era errado em prol da popularidade; mas eles chegaram
a um consenso aqui.
A história das cenas finais do julgamento
é dada com brevidade nos versículos 13-26. Nem uma palavra dita por nosso Senhor
é registrada: tudo é apresentado como uma questão entre Pilatos e o povo instigado
pelos principais sacerdotes; ainda assim, certas coisas se destacam muito claramente.
Em primeiro lugar, dá-se abundante testemunho de que Jesus não tinha culpa
alguma. Pilatos afirmou isso durante o interrogatório anterior (v. 4), e agora
ele repete duas vezes (vs. 14 e 22), e afirma pela quarta vez como sendo o veredicto
de Herodes (v. 15). Deus cuidou de que houvesse testemunho abundante e oficial disso.
Então a fúria irracional cega de
Seus acusadores é abundantemente manifestada. Eles simplesmente clamaram por Sua
morte. Mais uma vez, a escolha que fizeram, como alternativa à Sua libertação, destaca-se
com clareza cristalina. Duas vezes nestes versículos Barrabás é identificado com
sedição e homicídio; isto é, ele era a personificação viva das duas formas
nas quais o mal é tão frequentemente apresentado nas Escrituras – corrupção e violência;
ou, em outras palavras, vemos o poder de Satanás operando, tanto como uma serpente
assim como um leão que ruge. Por fim, vemos que a condenação de Jesus foi o resultado
da fraqueza do juiz, que “entregou
Jesus à vontade deles”. Ele representava o autoritário poder de Roma, mas ele
abdicou em favor da vontade do povo.
As cenas da crucificação ocupam os versículos
27-49. Ficamos impressionados com o fato de que por todo o acontecimento, nada
transcorreu de maneira comum. Tudo era incomum – sobrenatural, ou chegando ao sobrenatural.
Era bastante comum as mulheres que faziam lamentações nos lutos aparecerem nessas
ocasiões, mas é totalmente incomum que lhes seja dito que chorem por si mesmas,
ou que ouçam uma profecia de um castigo vindouro. O próprio Jesus era o “madeiro verde”, de acordo com o Salmo 1,
e talvez Ele estivesse Se referindo à parábola de Ezequiel 20:45-49. Nessa escritura,
Deus prediz um fogo sobre cada árvore verde e cada árvore seca. O julgamento caiu
sobre o “madeiro verde” quando Cristo
sofreu por nossa causa. Quando o fogo irromper na árvore seca dos judeus apóstatas,
não se apagará.
Então a oração de Jesus enquanto eles
O crucificavam era totalmente inesperada e incomum. Ele desejava que o Pai, com
efeito, não considerasse o pecado do povo como um homicídio voluntarioso, para o
qual não havia perdão, mas como homicídio não intencional, para que ainda pudesse
haver uma cidade de refúgio, mesmo para Seus homicidas. Uma resposta a essa oração
foi vista cerca de cinquenta dias depois, quando Pedro em Jerusalém pregou a salvação
por meio do Cristo ressurreto, e 3.000 almas correram para o refúgio. A oração era
incomum porque era o fruto de compaixões divinas tais como nunca havia sido revelado
antes.
As ações das várias pessoas envolvidas
em Sua crucificação eram incomuns. Os homens não costumam provocar e insultar até
mesmo os piores criminosos que estão sofrendo pena de morte. Aqui todas as classes
o fizeram, até mesmo príncipes, soldados e um dos malfeitores que sofreu ao Seu
lado. O poder do diabo e das trevas tomou conta de suas mentes.
A inscrição de Pilatos foi inesperada.
Tendo O condenado como um falso pretendente à realeza entre os judeus, ele escreveu
um título proclamando-O como o Rei dos judeus e, como mostra outro evangelho, ele
se recusou a alterá-lo. Isto era Deus prevalecendo sobre tudo.
A conversão repentina do outro ladrão
era totalmente sobrenatural. Ele condenou a si mesmo e justificou a Jesus. Tendo
justificado a Ele, ele O reconheceu como Senhor e proclamou – praticamente, embora
não em tantas palavras – sua crença de que Deus O ressuscitaria dos mortos, a fim
de estabelecê-Lo em Seu reino. Ele cumpriu as duas condições de Romanos 10:9, simplesmente
crendo que Deus O ressuscitaria dos mortos, ao invés de crer, como nós, que
Deus O ressuscitou dos mortos. A fé do
ladrão que estava morrendo era uma pedra preciosa de primeira ordem, ao lado da
qual a nossa fé hoje perde seu brilho. É muito mais notável crer que algo deve ser
feito, quando ainda não tenha sido feito, do que crer que algo está feito, quando
ele já foi feito. E, além disso, era muito incomum que um malfeitor quisesse ser
lembrado pelo Rei, quando o Seu reino fosse estabelecido. Os malfeitores
costumam fugir para as sombras e desejam ser esquecidos pelas autoridades. Seu desejo
de ser lembrado mostra sua fé na graça do Senhor sofredor igualmente sua
fé em Sua glória vindoura.
A resposta de Jesus à oração do ladrão
foi realmente maravilhosa e inesperada! Não apenas no reino vindouro, mas naquele
mesmo dia, ele experimentaria a graça que alcançava além da morte, colocando seu
espírito resgatado em companhia de Cristo no paraíso. Ora, o paraíso e o terceiro
céu são equiparados em 2 Coríntios 12:2-4. Essas palavras do Senhor foram a primeira
revelação definida do fato de que, imediatamente após a morte, os espíritos dos
santos estão em consciente bem-aventurança
com Cristo.
Se tudo era incomum, no lado humano,
quando Jesus morreu, havia também manifestações sobrenaturais vindas da mão de Deus,
das quais falam os versículos 44 e 45. As três horas mais brilhantes do dia foram
escurecidas, pelo Sol sendo velado. Havia algo muito apropriado nisso, pois o verdadeiro
“Sol da Justiça” estava levando nosso
pecado naquele momento. Também o véu do templo foi rasgado por uma mão divina, significando
que o dia do sistema do templo visível tinha acabado, e o caminho para o Santo
dos santos estava a ponto de se manifestar – veja Hebreus 9:8. Nosso verdadeiro
“Sol” foi velado por um momento,
suportando nosso julgamento, para que não houvesse nenhum véu entre nós e
Deus.
Lucas não registra o clamor do Salvador
quanto ao abandono divino, proferido sobre o tempo em que as trevas passavam, nem
o grito triunfante: “Está consumado”,
embora ele registre que Ele “clamou em alta
voz” (ARA). E então Suas palavras finais foram: “Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito”. Nestas palavras finais
na cruz, vemos aqu’Ele que, desde o princípio, foi marcado pela oração e submissão
à vontade de Deus, concluindo Seu caminho como o Homem perfeito e dependente. Tendo
dito isto, Ele entregou o Seu espírito; ainda assim, vemos que Ele é mais do que
Homem, pois em um momento havia a voz alta, Seu vigor intacto e no momento seguinte
Ele estava morto. Em todos os sentidos, Sua morte foi sobrenatural.
Testemunho disso foi prestado pelo centurião
que testemunhou a cena em razão de seu dever oficial. Mesmo as multidões atraídas
pela curiosidade mórbida foram tomadas por um alarmante temor e pressentimento,
e aqueles que eram Seus amigos recuaram-se à distância. O centurião tornou-se uma
quarta testemunha da perfeição de Jesus, unindo-se a Pilatos, Herodes e ao ladrão
moribundo.
Os escritos proféticos haviam dito:
“Afastaste para longe de Mim amigos e
companheiros” (Sl 88:18), mas eles também disseram: “Designaram-Lhe a sepultura ...
mas com o rico esteve na Sua morte” (Is 53:9 – ARA). Se o versículo 49 nos dá
o cumprimento de um, os versículos 50-53 nos dão o cumprimento do outro. Em toda
emergência Deus tem em reserva um instrumento para realizar Seu propósito e cumprir
Sua palavra. José é mencionado em todos os quatro evangelhos, e João nos informa
que até esse ponto ele havia sido um discípulo em oculto por medo dos judeus. Agora
ele age com ousadia quando todos os outros se acovardaram, e o novo túmulo imaculado
está disponível para o corpo sagrado do Senhor. Nem mesmo pelo mais mínimo contato
Ele “viu a corrupção”. Os homens pretendiam
o contrário, mas Deus cumpriu serenamente a Sua palavra.
LUCAS 22
LUCAS 22
Quando começamos a ler este capítulo,
chegamos às cenas finais da vida de nosso Senhor. A Páscoa não foi apenas uma testemunha
permanente da libertação de Israel do Egito, mas também uma figura do grande Sacrifício
que ainda estava por vir. Agora, finalmente, o clímax se aproximava, e “Cristo, nossa Páscoa” deveria ser sacrificado
por nós precisamente na época da Páscoa. Os líderes religiosos estavam planejando
como poderiam matá-Lo, apesar do fato de que muitos do povo O viam com favor. Satanás
inspirou o ódio deles, e foi ele quem apresentou a eles uma ferramenta para realizar
seus desejos.
João, no seu evangelho, desmascara Judas
para nós antes que o fim seja alcançado. Em seu décimo segundo capítulo, ele nos
diz que, consumido pela cobiça, ele se tornou um ladrão. João também nos diz em
seu décimo terceiro capítulo o momento exato em que Satanás entrou em Judas. Lucas
relata esse fato terrível de uma maneira mais geral; e mostra que o príncipe dos
poderes das trevas considerou que executar a morte de Cristo era uma tarefa de tal
importância que não deveria ser delegada a um poder menor: ele próprio se encarregaria
do assunto. No entanto, ele empreendeu a tarefa para sua própria derrota. O pacto
entre Judas e os líderes religiosos foi facilmente estabelecido. Eles foram consumidos
pela inveja e Judas pelo amor ao dinheiro.
Durante muitos séculos a Páscoa foi
observada com maior ou menor fidelidade, e agora, em seu pleno significado, era
observada pela última vez. Em vinte e quatro horas, a luz da Páscoa empalideceu
diante do brilho daqu’Ele a Quem ela representava, quando o verdadeiro Cordeiro
de Deus morreu na cruz. É um fato notável que a última vez em que foi celebrada
em seu pleno significado, estava presente para participar dela aqu’Ele que a instituiu
– o Homem Perfeito e Santo, que era o Companheiro de Jeová. Ele ordenou que a Páscoa
fosse preparada, e Ele decidiu o exato lugar onde deviam comê-la. O tempo, a maneira,
o lugar, eram todos da Sua designação. A escolha não está com os discípulos, mas
com Ele, como mostra o versículo 9.
A presciência do Senhor é notavelmente
manifestada no versículo 10. Levar a água era tarefa das mulheres; um homem carregando
um cântaro de água era uma visão muito incomum. No entanto, Ele sabia que haveria
um homem realizando esse ato incomum e que Pedro e João o encontrariam quando entrassem
na cidade. Ele sabia também que o “dono da
casa” (ARA) responderia à mensagem enviada pelos discípulos em nome do “Mestre”. Sem dúvida, ele reconhecia o
Mestre como sendo seu Mestre; em outras palavras, ele era um dos piedosos
em Jerusalém que reconhecia Suas reivindicações, e o Senhor sabia como colocar Sua
mão sobre ele. Este homem teve o privilégio de mobiliar um aposento para o uso daqu’Ele
que não tinha aposento próprio, e quando a hora chegou, assentou-Se com Seus discípulos.
No relato que Lucas faz, a distinção
entre a ceia pascal e a ceia que Ele instituiu é muito clara; os versículos 15-18
falam de uma e os versículos 19-20 de outra. As palavras do Senhor quanto à Páscoa
indicam o encerramento daquela velha ordem de coisas. Seus sofrimentos significariam
o seu cumprimento, e quando um remanescente poupado de Israel entra finalmente na
bem-aventurança do Milênio, será como protegido pelo sangue de Cristo. Quanto ao
cálice (v. 17), isso não parece ter sido parte da Páscoa instituída por meio de
Moisés, e o Senhor aparentemente não bebeu dele. Em vez disso, Ele indicou que Seu
dia de regozijo, simbolizado pelo fruto da videira, só seria alcançado no reino
vindouro.
Então instituiu a Sua própria ceia em
memória de Sua morte; o pão simbolizando Seu corpo, o cálice de vinho, Seu sangue
derramado. O relato é muito breve e, para o significado completo de tudo isso, temos
que ir a 1 Coríntios 10 e 11. Recordação foi o que o Senhor enfatizou no
momento, e em vista de Sua longa ausência, podemos ver a importância disso. Através
dos séculos, o memorial de Sua morte esteve conosco e o testemunho permanente de
Seu amor.
Os versículos que se seguem (vs. 21-27)
testemunham a loucura e a fraqueza que se encontravam entre os discípulos. A mão
do traidor estava sobre a mesa, e Ele sabia disso, embora o resto dos discípulos
não o percebesse. Havia também conflitos entre eles, cada um desejando o lugar mais
importante, e isso exatamente quando seu grande Mestre estava prestes a tomar o
lugar mais baixo. Tal é, infelizmente, o coração do homem, até mesmo dos santos.
No entanto, serviu para destacar muito claramente a diferença fundamental entre
o discípulo e o mundo. A grandeza
mundana é expressa e mantida tomando-se um lugar de senhor: a
grandeza Cristã é encontrada ao tomar o lugar de servo. Nessa
grandeza, o próprio Jesus era preeminente. Poucas palavras são mais tocantes do
que isso – “Eu porém, entre vós Sou como
aqu’Ele que serve”. Essa tinha sido Sua vida de perfeita graça; e dessa
forma, em suprema medida, Sua morte estava prestes a acontecer.
Também é muito tocante observar como
Ele falou aos discípulos nos versículos 28-30. Eles eram de fato insensatos, e seu
espírito se distanciava muito do d’Ele; mesmo assim, com que benevolência que Ele
trouxe à luz o bom traço que os caracterizara. Eles estavam firmemente ligados a
Ele. Apesar de suas tentações, culminando em Sua rejeição, eles continuaram com
Ele. Isso Ele nunca esqueceria, e haveria uma recompensa abundante no reino. No
dia vindouro Ele vai tomar o reino para Seu Pai, e o toma por seus santos,
e estes Seus discípulos terão um lugar muito especial de proeminência. À luz desse
gracioso pronunciamento, eles certamente devem ter percebido quão mesquinhas e repugnantes
haviam sido suas disputas anteriores por uma posição de destaque. E, talvez possamos
sentir o mesmo.
Em seguida, nos versículos 31-34, vem
a advertência especial do Senhor a Pedro. Neste momento ele estava pensando e agindo
na carne, então Jesus usou seu nome de acordo com a carne, e ao falar seu nome repetidamente
transmitiu a gravidade de Sua advertência. A confiança própria marcava Pedro, assim
como o desejo de preeminência, e isso abriu a porta a Satanás; contudo, a intercessão
do Senhor prevaleceria, e havia trigo ali e não apenas palha. Este trigo permaneceria
quando a peneiração terminasse.
Os quatro versículos que se seguem,
35-38, foram dirigidos a todos os discípulos. Eles tinham que testemunhar que possuíam
uma suficiência absoluta como fruto de Seu poder, embora enviados sem recursos humanos;
e Ele notificou que com Sua morte e partida outra ordem de coisas sobreviria. Os
homens O contariam entre os transgressores deste mundo, mas as coisas concernentes
a Ele se cumpririam em outro mundo. Ele seria exaltado à glória, e Seus discípulos
foram deixados como Suas testemunhas, tendo que retomar as circunstâncias cotidianas
deste mundo. Sua resposta a essas palavras mostrou que provavelmente estavam perdendo
o espírito do que Ele disse, agarrando-se a um detalhe literal; então, por enquanto,
Ele deixou isso de lado.
Até agora tem sido o trato de Seu amor
com os Seus; agora vemos a perfeição de Sua Humanidade manifestada no Getsêmani.
Ele enfrentou, como diante do Pai, toda a amargura daquele cálice de juízo que Ele
tinha de beber, e Sua total perfeição é vista pelo fato de que, embora tendo Se
retraído dele, devotou-Se ao cumprimento da vontade do Pai, o que quer que isso
Lhe custasse. Lucas, distinto dos outros evangelistas, nos fala da aparição do anjo
para fortalecê-Lo. Isso enfatiza a realidade da Sua Humanidade, de acordo com o
caráter especial deste evangelho. Assim também o Seu suor, sendo como grandes gotas
de sangue, é mencionado apenas neste evangelho. O horror daquilo que estava diante
d’Ele foi experimentado em comunhão com o Pai.
Com o versículo 47 as últimas cenas
começam; e agora tudo é calma e graça com o Senhor: tudo é confusão
e agitação com Seus amigos, os Seus adversários, e até com os Seus juízes. A comunhão no jardim levou à calma
na hora da grande provação. Judas alcançou as alturas da hipocrisia ao trair
seu Mestre com um beijo. Pedro usou uma daquelas duas espadas a que eles acabaram
de se referir, em violência imprudente e incontrolada. O que Pedro fez em sua violência
o Senhor prontamente desfez em Sua graça. A violência deveria ser deixada para a
multidão com as espadas e varapaus. Era a hora deles e a hora em que o poder das
trevas deveria ser exibido. Nesse sombrio cenário, o Senhor mostrou Sua graça.
O relato da queda de Pedro segue. O
caminho para isso fora preparado por seu desejo anterior pelo primeiro lugar, sua
confiança própria e sua ação violenta. Agora ele seguia de longe, e logo se
achou entre os inimigos de seu Mestre. Satanás estabeleceu a armadilha com plena
habilidade. Primeiro a criada e depois os outros dois empregados pressionaram sua
identificação com Ele, levando-o a negações que aumentavam em ênfase; embora Lucas
não nos diga que ele tenha praguejado e jurado. Isso afinal era incidental; o essencial
era que ele negou seu Senhor.
Precisamente naquele momento, exatamente
como Jesus havia previsto, o galo cantou; e então o Senhor Se virou e olhou para
Pedro. Podemos não saber exatamente o que esse olhar transmitiu, mas isso falou
com tal intensidade ao discípulo caído que ele saiu de entre os inimigos de seu
Mestre com lágrimas amargas. Judas estava cheio de remorso, mas não lemos que ele
chorou. O choro amargo de Pedro foi uma testemunha de que, afinal, ele amava seu
Senhor e que sua fé não iria falhar. A oração e o olhar estavam começando a provar
sua eficácia.
Este evangelho deixa claro que o julgamento de Jesus
foi dividido em quatro partes. Primeiro, houve o exame perante os principais sacerdotes
e escribas, enquanto procuravam algum pretexto plausível para condená-Lo à morte.
Esse relato preenche os versículos finais do capítulo, e é feito com brevidade.
É muito claro, no entanto, que eles O condenaram por Sua própria confissão clara
de Quem Ele era. Eles O desafiaram a ser o Cristo, e a resposta do Senhor mostrou
que Ele sabia que eles estavam firmes em sua incredulidade e em sua determinação
de condená-Lo. Ainda assim, Ele afirmou ser o Filho do Homem, que deveria empunhar
o próprio poder de Deus, e isso eles interpretaram como significando que Ele também
deveria afirmar ser o Filho de Deus. De fato, Ele era, e Sua resposta, “Vós dizeis que Eu Sou”, foi um enfático
“sim”. Ao afirmar ser Ele o Cristo, o Filho do Homem, o Filho de Deus,
eles O condenaram à morte, sexta-feira, 5 de julho de 2019
LUCAS 21
LUCAS 21
Então Ele ergueu os olhos, e eis alguns
desses homens ricos lançando ostensivamente seu dinheiro para o tesouro do templo,
e entre eles veio uma pobre viúva que lançou suas duas moedas. Não devemos permitir
que a divisão dos capítulos separe em nossa mente esses versículos iniciais dos
últimos dois de Lucas 20. A viúva era presumivelmente uma daquelas cuja “casa” havia sido devorada, mas em vez de
se lamentar, ela lançou suas últimas duas moedas no tesouro do templo. Sob essas
circunstâncias, sua oferta foi realmente grande, e o Senhor declarou ser assim.
Ela foi ao limite máximo; lançando no tesouro toda sua posse.
Nem devemos dissociar desse tocante
incidente os versículos que se seguem, particularmente no versículo 6. A viúva expressou
sua devoção a Deus ao lançar suas duas moedas na coleta para a manutenção da
estrutura do templo; ainda assim o Senhor prossegue predizendo a destruição total
do templo. Já tinha sido substituído pela presença do Senhor. Deus estava em Cristo,
não no templo de Herodes. Em seu entendimento a viúva estava, como poderíamos dizer,
desatualizada; no entanto, isso não manchou a aprovação do Senhor de sua oferta.
Ele realmente aprecia devoção de todo
o coração, mesmo que sua expressão não seja marcada por plena inteligência. Isso
deve ser um grande conforto para nós.
Lucas agora nos dá o discurso profético
do Senhor, registrando a parte em que especialmente respondeu à pergunta dos discípulos,
conforme registrado no versículo 7. Como o relato de Mateus mostra, tanto a pergunta
deles quanto a resposta do Senhor continham muito mais do que aquilo que Lucas
registra. Aqui a questão é quanto ao tempo da derrubada do templo e o sinal disso.
A resposta divide-se em duas partes: os versículos 8-24 falam de eventos que levaram
à destruição e derrubada de Jerusalém pelos romanos; versículos 25-33, falam da
Aparição do Filho do Homem no final dos tempos.
É muito perceptível como o Senhor apresenta
toda a questão, não como uma massa de detalhes, apelando à nossa curiosidade, mas
como previsões que soam uma nota de advertência, e transmitem instruções de suma
importância para Seus discípulos. Tudo é declarado de maneira a atrair nossa consciência
e não nossa curiosidade.
A primeira parte do discurso, versículos
8-19, está ocupada com instruções muito pessoais aos discípulos. O Senhor de fato
faz as seguintes previsões:
1) O surgimento de falsos Cristos,
2) Guerras e tumultos, juntamente com acontecimentos anormais no mundo
físico ao redor,
3) A chegada de amarga oposição e perseguição, até a morte.
Mas em cada caso,
Seus discípulos devem ser prevenidos por Seus avisos. Eles não são, nem por um momento,
para serem enganados por falsos Cristos, ou segui-los. Eles não devem ter medo dos
movimentos violentos dos homens, nem imaginar que essas convulsões signifiquem que
o fim está vindo imediatamente –
pois este é o que “logo” significa aqui (v. 9). Eles devem aceitar a perseguição
como uma oportunidade para testemunho e, ao testificar, não devem confiar em uma
defesa preparada, mas na sabedoria sobrenatural a ser concedida a eles quando o
momento chegar.
O versículo 18 é evidentemente destinado
a transmitir o modo pessoal e íntimo em que Deus cuidaria deles. As palavras finais
do versículo 16 mostram que isso não significa que todos eles escapariam; mas, mesmo
que a morte os levasse, tudo seria restaurado na ressurreição. Pela paciente perseverança
eles vencem, seja na vida ou na morte. Este parece ser o significado do versículo
19. Podemos ver no livro dos Atos como essas coisas foram cumpridas nos apóstolos.
Então, nos versículos 20-24, Ele prediz
a desolação de Jerusalém. Nenhuma palavra aparece aqui sobre o estabelecimento da
“abominação da desolação”, pois isso
é apenas para acontecer no fim dos tempos dos gentios: todas as coisas que o Senhor
especifica foram cumpridas quando Jerusalém foi destruída pelos romanos. Então
a cidade estava cercada de exércitos. Então aqueles que acreditaram nas palavras
de Jesus fugiram para as montanhas e assim escaparam dos horrores do cerco. Então
ali começaram os “dias de vingança” para
o judeu, que não cessará para eles até que tudo o que está previsto seja cumprido.
Então começou o longo cativeiro que persistiu, e persistirá, com Jerusalém
sob os pés das nações, até que os tempos dos gentios terminem. Aqueles tempos começaram
quando Deus levantou Nabucodonosor, que desapossou a última linhagem do rei de Davi,
e eles terminarão pelo esmagamento do domínio gentio na Aparição de Cristo.
Consequentemente, o versículo 25 nos
leva diretamente ao tempo do fim, e fala de coisas que precederão Seu advento. Haverá
sinais nas regiões celestiais e na Terra, angústia e perplexidade; “mar e ondas” sendo expressões figurativas
das massas da humanidade em um estado de violenta inquietação e agitação. Como resultado,
os homens estarão “prontos para morrer pelo
medo e expectativa do que está por vir” (JND). Em vista do estado de coisas
que prevalece na Terra, como escrevemos, não é difícil conceber a condição das coisas
que o Senhor prediz.
Este é o momento em que Deus vai abalar
os céus e a Terra, como predisse Ageu; e quando somente as coisas que não podem
ser abaladas permanecerão. Tudo levará à pública Aparição do Filho do Homem em poder
e grande glória. O dia da Sua pobreza acabará, assim como o dia da Sua paciência;
e o dia do Seu poder, do qual fala o Salmo 110, terá chegado plenamente. Antes de
Sua vinda, os corações dos homens não convertidos se encherão de medo: quando Ele
vier, seus piores temores serão concretizados, e “todas as tribos da Terra se lamentarão por causa d’Ele” (Ap 1:7 –
JND).
Mas para os Seus santos, Sua vinda terá
outro aspecto, como o versículo 28 manifesta alegremente. Para eles, significa uma
redenção final, quando toda a criação será libertada da escravidão da corrupção.
Sendo assim, os primeiros sinais de Seu advento são para nos encher de uma alegre
antecipação. Devemos “olhar para cima”,
pois o próximo movimento que realmente conta virá da mão direita de Deus, onde Ele
está sentado. Devemos “levantar nossas cabeças”,
e não deixá-las deprimidas ou com medo. As mesmas coisas que assustam o mundo são
para encher o crente com o otimismo da santa expectativa.
Em seguida vem a curta parábola da figueira.
É dita ser “uma parábola”, mas note,
não uma mera ilustração. A figueira representa o judeu nacionalmente. Há séculos
que ele está morto em nível nacional, e quando finalmente há sinais de reavivamento
nacional com eles e sinais de reavivamento também com outras “árvores” de nacionalidades antigas, podemos
saber que o “verão” milenar está próximo.
Até que esse tempo chegue, não passará “esta
geração” – por esse termo o Senhor indicou, cremos, aquela “geração perversa ... em quem não há fidelidade” (TB), da qual
Moisés falou em Deuteronômio 32:5, 20. Quando o reino for estabelecido, aquela geração
terá desaparecido.
O breve relato de Lucas da profecia
do Senhor termina com as solenes palavras em que Ele afirmou a verdade e a confiabilidade
de Suas palavras. Cada palavra dos Seus lábios tem algo nela, algo para ser cumprido,
e é mais estável que os céus e a Terra. Assim, o versículo 33 fornece o impressionante
pensamento de que as palavras de Seus lábios são mais duradouras do que as obras
de Suas mãos.
Ele encerra com outro apelo às consciências
de Seus discípulos e às nossas também. Sem dúvida, esses três versículos, 34, 35,
36, têm aplicação especial para os santos que estarão na Terra pouco antes de Sua
Aparição, mas eles têm uma grande voz para o crente hoje. Uma multiplicidade de
prazeres nos rodeia, e podemos facilmente nos sobrecarregar com o excesso deles.
Por outro lado, nunca houve mais e maiores perigos no horizonte, e nosso coração
pode estar cheio de pressentimentos, de modo a perdemos de vista o dia que está
chegando. É muito possível ocupar-se tanto com os feitos dos ditadores e com o progresso
dos movimentos mundiais que a vinda do Senhor seja obscurecida em nossas mentes.
A palavra para nós é: “Vigiai pois em
todo o tempo, orando”. Então estaremos completamente despertos e prontos para
saudar o Senhor quando Ele vier.
Nos versículos finais do capítulo, Lucas
nos lembra de que Ele, que desse modo previu a Sua vinda novamente, ainda era o
Rejeitado. Durante o dia, por toda aquela última semana, Ele diligentemente proferiu
a Palavra de Deus: à noite, não tendo lar, Ele permaneceu no Monte das Oliveiras.
LUCAS 20
LUCAS 20
Ainda nos recintos do templo onde o
Senhor ensinou diariamente durante a última semana de Sua vida, também não é surpreendente
que Ele tenha entrado em conflito com eles. Todo este capítulo está ocupado com
detalhes do conflito. Os principais dos sacerdotes e os escribas começaram o conflito
e, no final, foram deixados em silêncio e desmascarados.
Eles começaram desafiando Sua autoridade.
Eles eram as pessoas com autoridade ali, e para eles Ele era apenas um novo “Profeta”
de Nazaré. A pergunta deles supunha que tinham a capacidade de julgar as credenciais
do Senhor, se Ele as expusesse; Por isso, Ele os convocou a resolver a questão preliminar
quanto às credenciais de Seu precursor, João. Isso imediatamente os colocou em um
dilema, pois a resposta que eles desejavam dar teria sido ressentida pelo povo.
Eles eram oportunistas buscando popularidade, então alegaram ignorância. Para homens
como esses, o Senhor não apresentaria Sua autoridade. Em vez disso, Ele começou
a falar com toda a autoridade que a onisciência concede, e logo sentiram o poder
dela. Não poderia haver dúvida sobre Sua autoridade quando o conflito verbal cessasse.
Na parábola, que ocupa os versículos
9-16, Ele estabeleceu com grande clareza a posição exata das coisas naquele momento.
A parábola é lida como uma continuação das declarações históricas feitas em 2 Crônicas
36:15-16. Lá, em 2 Crônicas, era Deus apelando por meio de “Seus mensageiros, madrugando, e enviando-lhos”; mas todos foram zombados
e escarnecidos até “que mais nenhum
remédio houve” e “fez subir contra
eles o rei dos caldeus”. Aqui em Lucas a história é levada um passo adiante
e o “Filho Amado” é enviado, apenas para
ser expulso e morto. Daí um castigo pior do que os caldeus viria sobre eles. O salmista
havia profetizado que a rejeitada “Pedra”
deveria se tornar a Cabeça da esquina, e Jesus acrescentou que todos os que caíssem
sobre aquela Pedra, ou sobre quem Ela caísse, seriam destruídos. Eles estavam naquele
momento tropeçando na Pedra, como Romanos 9:32 declara. A queda da Pedra sobre eles,
e sobre os poderes dos gentios, ocorrerá no Seu segundo Advento, como mostra Daniel
2:34.
Os principais sacerdotes e escribas
sentiram o ponto e a autoridade de Suas palavras, como vemos no versículo 19, mas
foram apenas estimulados a uma oposição mais determinada; e enviaram homens de astúcia
e engano para apanhá-Lo em Suas palavras, se possível. Eles vieram com a questão
de pagar tributo a César; e nisso os fariseus e os herodianos se uniram, afundando
suas animosidades no ódio comum ao Senhor.
A pergunta do Senhor: “Por que Me tentais?” mostrou que Ele estava
completamente ciente de sua astúcia. Seu pedido por um denário (ARA) revela Sua
própria pobreza. A inscrição na moeda foi uma testemunha da sujeição deles a César.
Sua resposta, assim, foi que eles deviam dar a César seus direitos e a Deus os Seus
direitos. Foi porque eles não tinham prestado a Deus as coisas que eram d’Ele que
César tinha adquirido os direitos de conquista sobre eles. Tudo isso era tão indubitável,
quando apontado, que esses interrogadores astutos foram silenciados.
A questão com a qual os saduceus pensavam
em apanhar o Senhor baseava-se na ignorância. Sem dúvida, muitas vezes haviam confundido
os fariseus com isso, mas estes não tinham mais luz do que os saduceus no ponto
essencial que o Senhor tornara tão claro. Ele contrastou “este mundo” e “o mundo
vindouro”, usando realmente a palavra que significa “século” (ou “era”). Ora,
será a porção de alguns “alcançar a era
vindoura” (ARA) como homens vivos na Terra, sem passar pela morte e ressurreição;
mas aqueles que vão “alcançar a era
vindoura e a ressurreição”
entrarão em condições completamente novas de vida. Eles serão imortais como os anjos,
e o casamento não terá aplicação para eles. O Senhor estava aqui começando a trazer
“à luz a vida e a incorruptibilidade”
(2 Tm 1:10 – JND) e, como resultado, a questão dos saduceus, que por sua ignorância
parecia tão incontestável, tornou-se simplesmente absurda.
O Senhor prosseguiu para provar a ressurreição
em Êxodo 3:6. Se os patriarcas estavam vivos para Deus, séculos depois que eles
estavam mortos para este mundo, sua ressurreição final era uma certeza. Assim, Ele
respondeu não apenas a tola questão dos saduceus, mas a incredulidade que estava
por trás de sua pergunta. E Ele respondeu com tamanha autoridade que até um escriba
foi levado a se manifestar em admiração e aprovação, e todos eles temiam fazer mais
perguntas.
O Senhor então lhes fez Sua grande pergunta,
baseada no Salmo 110. Mateus registra que nenhum homem foi capaz de Lhe responder
uma palavra. Nenhuma resposta era possível, exceto para a fé que percebia a glória
divina do Cristo, e eles não tinham fé. Eles estavam em silêncio, em teimosa incredulidade.
Responder à Sua pergunta eles não puderam; perguntar-Lhe qualquer outra coisa eles não ousaram.
Apenas permaneceu para o Senhor desmascarar
esses homens maus, e isso Ele fez em poucas palavras, conforme registrado nos dois
versículos que encerram o capítulo. Eles eram hipócritas do tipo mais desesperado,
usando a religião como um manto para encobrir seu egoísmo e sua agressiva
ganância. Ele os desmascarou e pronunciou sua condenação. Ele não falou de uma mais longa condenação, como se o julgamento
fosse delimitado pelo tempo e não eterno. Mas Ele falou de maior condenação,
mostrando que o julgamento será diferente quanto à sua gravidade. Eles sofrem
um “juízo muito mais severo” (ARA).
LUCAS 19
LUCAS 19
Somente Lucas nos fala sobre a conversão
de Zaqueu, que se encaixa de forma tão impressionante com o tema de seu evangelho.
O publicano, embora tão desprezado pelos líderes de seu povo, era um objeto adequado
para a graça do Senhor, e ele foi marcado pela fé que está pronta para recebê-la.
Zaqueu não tinha necessidades físicas ou materiais; Este era um caso de necessidade
espiritual apenas. As pessoas colocaram a denominação “pecador” sobre ele. Era uma verdadeira denominação e Zaqueu sabia disso,
e isso provocou nele uma tentativa de se justificar relembrando suas benevolências
e escrupulosa honestidade. No entanto, Jesus colocou a bênção dele na base apropriada,
proclamando-o filho de Abraão – isto é, um verdadeiro filho da fé – e Ele mesmo
como sendo o Único a vir buscar e salvar o que se havia perdido. Zaqueu era em si
mesmo um homem perdido, mas era um crente, e assim a salvação chegou a ele naquele
dia. Exatamente na mesma base chegou a cada um de nós desde aquele dia.
O Senhor mostrou aos fariseus que o
reino já estava em seu meio em Sua própria Pessoa; Ele também havia novamente dito
a Seus discípulos sobre Sua iminente morte e ressurreição. No entanto, eles ainda
nutriam expectativas quanto ao aparecimento imediato do reino em glória. Então o
Senhor acrescentou a parábola, dos versículos 11-27, como mais uma correção para
esses pensamentos deles. O tempo do reino viria, quando todos os Seus inimigos seriam
destruídos; mas primeiro vem um período de Sua ausência, quando a fidelidade e diligência
de Seus servos seriam testadas. Para cada servo, a mesma quantia é confiada, de
modo que a diferença no resultado surgiu de sua diligência e habilidade, ou de alguma
outra forma. De acordo com a diligência de cada um, foram recompensados no dia
do reino. O servo, que não fez nada, apenas mostrou que ele não conhecia realmente
o seu Senhor. Como resultado, não só não teve recompensa, mas sofreu perda.
Este é outro lembrete de que a graça
nos chama para um lugar de responsabilidade e serviço, e que o nosso lugar no reino
dependerá da diligência que temos empregado com aquilo que nos foi confiado.
Tendo falado a parábola das minas, o
Senhor ia caminhando adiante com Seus discípulos, subindo em direção a Jerusalém,
e chegando a Betfagé e Betânia, Ele enviou a buscar o jumentinho, no qual Ele fez
Sua entrada na cidade, de acordo com a profecia de Zacarias. O jumentinho era chucro,
pois nenhum homem havia se sentado nele e, consequentemente, estava preso sob restrição.
Foi solto da contenção, mas apenas para que Ele pudesse sentar-Se sobre ele. Sob
a mão poderosa, ele estava perfeitamente contido. Uma parábola disto, de como a
graça nos liberta da escravidão da lei.
Embora o reino não era para ser estabelecido
em glória neste momento, mesmo assim Ele Se apresentou dessa maneira tão definidamente
a Jerusalém como seu legítimo Rei enviado por Deus. Seus discípulos ajudaram nisso
e, quando se aproximaram da cidade, começaram a louvar a Deus e a se regozijar.
João 12:16 nos diz claramente que naquele momento eles não entendiam realmente o
que estavam fazendo, mas é evidente que o Espírito de Deus tomou posse de seus lábios
e os guiou em suas palavras. Eles O aclamaram como o Rei, e eles falaram de “paz no céu e glória nas alturas”.
Na encarnação, os anjos haviam celebrado
“paz na Terra”, pois o Homem em Quem
Deus Se comprazia havia aparecido e celebravam todo o resultado de Sua obra. Mas
agora estava claro que a morte estava diante d’Ele e que Sua rejeição implicaria
um período de qualquer coisa, menos paz na Terra. No entanto, o primeiro efeito
de Sua obra na cruz seria estabelecer a paz na mais alta de todas as Cortes – no
céu – e manifestar a glória nas maiores alturas, subindo Ele mesmo até lá em triunfo.
Esta nota de louvor teve que ser soada nesta circunstância. Deus poderia ter feito
as pedras clamarem, mas ao invés disso Ele usou os lábios dos discípulos, embora
eles proferissem palavras sem plena inteligência do seu significado.
Agora vem um contraste impressionante.
Ao se aproximarem da cidade, os discípulos se regozijaram e clamaram bendições ao
rei. O próprio Rei chorou pela cidade! Em João 11:35, a palavra usada indica lágrimas
silenciosas; aqui a palavra usada indica irromper em lamentação, de forma visível
e audível. O lamento de Jeová sobre Israel, como registrado no Salmo 81:13, reaparece
aqui, apenas grandemente acentuado ao se aproximarem do maior de todos os seus terríveis
pecados. Jerusalém não conhecia as coisas que pertenciam à sua paz, por isso a paz
na Terra era impossível naquele tempo, e o Senhor previu e predisse sua violenta
destruição nas mãos dos romanos, que aconteceu quarenta anos depois. O Oriente do
alto visitou-os, e eles não conheciam o tempo de sua visitação.
Como consequência, tudo em Jerusalém
estava em desordem. Entrando na cidade, o Senhor foi direto ao seu próprio centro
e no templo encontrou o mal estabelecido. A casa de Jeová, destinada a ser uma casa
de oração para todas as nações, era apenas um covil de ladrões, de modo que qualquer
estranho, chegando lá como alguém que buscava a Deus, era enganado na obtenção dos
sacrifícios necessários. Assim, ele seria repelido do verdadeiro Deus, em vez de
ser atraído por Ele. Desse modo, nas mãos dos homens, a casa de Deus havia sido
totalmente pervertida quanto ao seu uso apropriado. Além disso, os homens que detinham
a autoridade na casa eram potencialmente homicidas, como mostra o versículo 47:
assim, ela se tornara reduto de homicidas, bem como covis de ladrões. Poderia alguma
coisa ser pior do que isso? Não é de se admirar que Deus os tenha varrido pelos
romanos quarenta anos depois!
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